Christopher Nolan é definitivamente o cineasta do momento. Depois de despontar para o mundo com o interessante filme "Amnésia", Nolan emplacou diversos sucessos de público e crítica, entre eles os mais conhecidos "Batman Begins" e "Batman – O Cavaleiro das Trevas". Neste ano o diretor levou às telas um projeto pessoal, o filme "A Origem".
A produção rapidamente se tornou um fenômeno de bilheteria, tendo arrecadado mais de US$ 800 milhões em todo o planeta. Além do sucesso de público, a qualidade do filme foi outro ponto que chamou a atenção, em especial pela estrutura da produção que provocou uma confusão na cabeça de muitos.
No filme Dom Cobb (Leonardo Di Caprio) é um ladrão especializado na arte da extração, o roubo de valiosos segredos do subconsciente de suas vítimas, enquanto essas estão dormindo. Devido a essa habilidade rara, Cobb passa a ser uma desejável peça do jogo da espionagem corporativa, e ele e sua equipe tem que realizar uma missão que parece impossível: implantar uma ideia ao invés de tirar uma.
O espetacular roteiro sugere que isso é possível apenas na ficção. Mas será mesmo? Será que é possível entrar nos sonhos de outra pessoa, entender o subconsciente, e utilizar essas informações de alguma forma? Afinal, o que há de verdade e mito nas tecnologias apresentadas no filme "A Origem"?
Induzindo o subconsciente a sonhar
Fonte da imagem: Warner
É relativamente simples induzir uma pessoa a dormir. Por meio de medicamentos ou substâncias controladas, é possível colocar um ser humano no estado de sono em questão de poucos minutos, da mesma maneira como é mostrado no filme. No entanto, não há nenhum método ou comprovação científica que indique a possibilidade de induzir alguém a ter um determinado sonho.
O uso de substâncias específicas pode, em alguns casos, provocar alucinações, que são distintas dos sonhos, embora o paciente possa julgar que esteja sonhando. Não há como controlar o sonho nem definir quantas camadas ele terá. Em tese, uma pessoa pode ter um sonho dentro de um sonho e se lembrar disso, mas não é possível induzir esse processo.
O filme mostra como possível a identificação do sonho, o entendimento dele e a consequente invasão do mesmo, alterando os acontecimentos. Na vida real estudos ainda em fase preliminar indicam ser possível, em um futuro próximo, identificar o conteúdo dos sonhos de uma pessoa, no entanto o que existem são teorias.
Já para invasão de um sonho e posterior alteração do seu conteúdo as possibilidades são remotíssimas para não dizer que são nulas, pelo menos com a tecnologia e o conhecimento que temos hoje do funcionamento do cérebro humano.
“Ler” um sonho é possível?
Fonte da imagem: Warner
Se depender do pesquisador norte-americano Moran Cerf, sim. Ele é um dos autores de um estudo publicado na revista Nature, intitulado “On-line, voluntary control of human temporal lobe neurons” – On line, controle voluntário sobre os neurônios do lobo temporal de um ser humano, em tradução direta -, e afirma ser possível ler os sonhos de uma pessoa.
O estudo realizado na Universidade de Oxford foi feito da seguinte forma: durante as pesquisas o grupo descobriu que determinados neurônios eram ativados quando associados a um termo específico. Assim, sempre que uma pessoa pensava em Bill Clinton, um dos exemplos utilizados na pesquisa, um determinado neurônio era ativado.
De posse de alguns termos os cientistas mapearam alguns neurônios e tentaram perceber quando eles eram ativados durante o sonho de um paciente. A pesquisa resultou na probabilidade de identificar, por meio de ondas – iguais àquelas que você vê quando faz um eletroencefalograma – se os neurônios eram ativados ou não.
A ideia é promissora e dá a entender que, no futuro, pode sim ser possível, a partir de um mapeamento de ondas cerebrais identificar o conteúdo de um sonho. Obviamente, ainda que isso aconteça, vai demorar muitos anos para que se tenham avanços concretos nesse campo, mas é uma probabilidade que não pode ser descartada.
Um sonho dentro de um sonho
Fonte da imagem: Warner
Uma das características mostradas no filme "A Origem" é que para chegar a um ponto do sonho em que é possível alterá-lo, Cobb precisa atravessar diversas camadas, como se viajasse para o sonho dentro de um sonho e, assim sucessivamente.
No mundo real a única coisa que se sabe é que alguém sonhando pode se imaginar tendo outro sonho. No entanto, a quantidade de camadas que um sonho pode ter e aonde ele pode levar o paciente são mistérios ainda em estudo e que não têm comprovação científica.
A probabilidade de o que é mostrado na produção se tornar realidade torna-se ainda menor quando percebemos que se sabe muito pouco sobre o mecanismo dos sonhos. As pesquisas ainda estão na fase da possibilidade de identificar o que o paciente sonha. Viajar para lugares específicos do pensamento ou ainda alterá-los de forma consciente não é algo possível.
Efeitos especiais à moda antiga
A maioria dos filmes de grande orçamento lançados na atualidade optam por construir os seus efeitos especiais na pós-produção de maneira computadorizada. Porém, Christopher Nolan gosta de trabalhar à moda antiga e para isso constrói muitos dos cenários utilizados em suas produções.
Uma das sequências que mais chama atenção é a que se passa em um hotel, repleto de elementos em que a gravidade é alterada. Para realizar essa cena a equipe de Nolan construiu uma espécie de cilindro giratório onde as cenas foram filmadas.
Os atores, em sua maioria, ficaram suspensos por cabos e a movimentação do cilindro era mecânica. Após as filmagens, os cabos foram apagados no computador e outros elementos de cena forma adicionados. No entanto, a maior parte do que você vê na tela é, de fato, real e foi filmada na prática. O vídeo acima ilustra um pouco do que foi feito nos bastidores do filme.
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