Fonte das imagens: PetitInvention/Mac Funamizu
É difícil falar de futuro mantendo um pé no chão enquanto a cabeça vai para as nuvens. É muito fácil imaginar utopias distantes e esquecer-se da realidade possível e plausível. Divagar em possibilidades tecnológicas que beiram os quadros de Salvador Dalí no que tangem à sua probabilidade de concretização.
O que esperar nos próximos 10 anos
Em meio a tantas novidades e a velocidade estupenda com a qual os avanços nos campos computacionais ocorrem, conversamos com dois expoentes na área para responder à seguinte questão: “Na sua visão, quais as tendências do mundo da tecnologia para os próximos 10 anos”?
As respostas de Paulo Iudicibus, diretor de Inovação e Novas Tecnologias da Microsoft e Isar Mazer, vice-presidente de Produto e Procurement da Positivo Informática trazem luz a um futuro obscuro, e fornecem uma visão gloriosa no que tange a mobilidade, a informação e a integração.
10 – Mais sustentabilidade, menos desperdício
Não é de hoje que a questão é levantada. Em 1992, no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (que ficou conhecida como ECO-92) já discutia conceitos ainda desconhecidos como desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas e a conservação e reaproveitamento de recursos naturais.
Quase 20 anos depois, o cerne da questão verde foi bastante aprofundado, e áreas como desenvolvimento de novos produtos e tecnologias levam a sustentabilidade como um de seus pilares fundamentais.
Para Paulo Iudicibus (Microsoft) existe um lado ecológico da tecnologia. “Cada vez mais os dispositivos terão que ser sustentáveis”. A teoria é corroborada por Isar Mazer (Positivo Informática): “A preservação do meio ambiente se ampliará também na área de TI, com o uso de materiais menos poluentes e recicláveis. Novos transistores e múltiplos núcleos vão viabilizar a redução de consumo dos computadores”.
Desta forma, ocorrerá a eliminação de componentes dispensáveis em eletrônicos, materiais biodegradáveis poderão ser empregados para bens de consumo supérfluo e a energia será gerada pelo próprio usuário simplesmente andando com o celular no bolso da calça.
09 – Imigrantes e nativos digitais trabalhando juntos
A maioria de nós é um imigrante no que tange a computação e a internet. Uma pessoa que nasceu e criou-se num ambiente offline, mas que aprendeu os meandros da computação e hoje em dia consegue executar suas atividades diárias utilizando uma ferramenta que era estranha no começo, mas que foram pensadas tendo em mente o nosso aprendizado e utilização.
No entanto, o mercado de trabalho deve começar a receber em breve os chamados nativos digitais. Pessoas nascidas nos anos 90 e 2000, que nunca precisaram pensar e agir offline, e para as quais um ambiente digital é tão natural quanto um ambiente não composto por bits e bytes.
Apesar da antecipação deste momento, as ferramentas que possuímos hoje não são pensadas para estas pessoas e sua habilidade natural de locomover-se pelos meios eletrônicos, bem como sua visão completamente natural do digital. Estes atributos novos no mercado de trabalho devem ser bem explorados, mas sem deixar de lado usuários imigrantes, que farão parte dos ambientes empresariais ainda pelas próximas duas ou três gerações.
A força de trabalho multigeracional, como é chamada, integra estes dois universos, e para Paulo Iudicibus (Microsoft) os ambientes de trabalho tem que se habituar às diversas gerações; a tecnologia terá que suportar a capacidade de trabalhadores, sem se dividir com fronteiras.
As grandes empresas do ramo de informática (inclusive nós do Baixaki, que nasceu no início dos anos 2000, pouco depois do grande boom da internet) já estão se preparando para esta diversidade cultural no ambiente de trabalho. Aos poucos, os outros segmentos do mercado devem seguir o mesmo padrão.
08 – Online o tempo todo e com todas as informações
Conexões Wi-Fi, Edge, 3G e 4G. Satélites, fibras óticas e redes ad-hoc. Laptops, notebooks, netbooks, smartphones, tablets, celulares, PDAs, pagers, televisões, desktops e muito mais pode ser resumido em uma única palavra: conectividade. E as formas inventadas de se conectar a este universo de dados que recobre o mundo ainda não acabaram.
Todos os dias, milhares de pesquisadores e engenheiros procuram a forma perfeita de manter um ser humano informado e conectado. Por meio do maior portal de downloads do Brasil, você fica sabendo as novidades sobre programas e área de tecnologia no seu desktop. Na faculdade ou trabalho, utiliza seu netbook para acessar emails e bater papo com os colegas. Em casa pode ligar a televisão e escolher o conteúdo que vai assistir.
A fragmentação do digital ainda é presente na nossa vida, mas tende a diminuir. Para Isar Mazer, da Positivo Informática, é fato que nos próximos 10 anos pessoas e máquinas vão se comunicar por redes de conexões neurais, permitindo aplicações práticas e inéditas, como o monitoramento da saúde, alimentação e clima.
Exemplos do que esta visão incluí são o fato de que seu médico saberá como anda a sua alimentação e enviará mensagens de acompanhamento instantâneo da sua saúde. Você se arrumará de manhã sabendo o que vestir para o dia vindouro, pois já conhece a previsão do tempo para o período.
07 – Tecnologia mais presente e menos aparente
É estranho pensar que, quanto mais a tecnologia avança, menos nós prestamos atenção a como ela nos cerca. Mas é exatamente isto que Paulo Iudicibus visualiza em um futuro próximo.
Donas de casa não precisarão fazer listas de compras, já que seus refrigeradores e dispensas farão encomendas automaticamente quando produtos estiverem acabando. Pagamentos efetuados por meios eletrônicos superarão o uso de papel moeda, e tornarão notas e cheques ultrapassados.
Mas tudo isso será cotidiano. Ninguém pensará “uau, como é tecnológico”. Será tudo... Banal.
06 – O fim do papel e o reinado do e-paper
Pensando em todos os itens anteriores combinados, parece óbvio que o uso do papel cotidianamente desapareça. No seu lugar surgirão telas ultraflexíveis que imitarão a utilização dada para seus predecessores, expandindo-as. Cadernos de notas se tornarão aparelhos celulares. Jornais serão atualizados instantaneamente. Cadernos carregarão informações de um terminal ao outro.
Algumas das formas citadas (bem como diversos pontos tratados neste texto) podem ser vistas neste vídeo, que é uma espiadela no futuro, criado pela Microsoft.
05 – Um mundo formado por imagens digitais em todo o mundo real
Devido ao barateamento das telas sensíveis ao toque e outras tecnologias de visualização, muito do que é feito de maneira precária hoje será digital. Os painéis com propagandas em movimento como na Times Square, em Nova Iorque, causarão espanto pela pouca qualidade e usabilidade das tecnologias disponíveis.
Mapas com visualização em tempo real das rotas e posições de transportes públicos estarão em cada parada, acompanhados da previsão de chegada do próximo veículo. Telas transparentes no lugar de vidros, imagens saltando das lojas e espelhos funcionando com realidade aumentada ajudando moças a escolherem suas roupas nos provadores são apenas algumas das possibilidades.
04 – Mescla entre realidade e “digitalidade”
Filmes de ficção científica tem o costume de mostrar holografias e imagens em três dimensões interagindo com usuários como uma pessoa normal. Para todos os que achavam este sonho sci-fi muito distante, repensem. A Microsoft deu um grande salto na interação homem e máquina introduzindo no mercado o Milo, um jovem cibernético que interage com você e reconhece seus movimentos, expressões e fala.
Agora imagine este tipo de tecnologia completamente desenvolvida, aliada ao barateamento dos custos de monitores e telas 3D sem o uso de óculos, e teremos guias turísticos em três dimensões andando com estudantes em museus, atendentes virtuais em lojas de roupas e muito mais.
03 – Armazenamento e colaboração nas nuvens
Para Paulo Iudicibus este ponto já é realidade, e tende a ser apenas aprofundado e melhorado. A computação em nuvem traz benefícios gigantescos, como a necessidade de espaços de armazenamento menores, edições colaborativas e menores requerimentos de hardware para aplicações, mas depende de uma conexão a internet constante e de alta velocidade para funcionar corretamente.
Este recurso ainda é subaproveitado, e com o barateamento da transmissão de dados, os equipamentos eletrônicos e a melhoria da qualidade dos serviços das operadoras de internet, a tendência é de que a maioria dos arquivos em um computador deixe de ser armazenada localmente e passe a ser pega diretamente da nuvem.
Pensando pequeno, você não precisaria ter uma coleção de MP3 e filmes em seu disco. Basta acessá-los e aproveitar um momento de descontração. Seus documentos, trabalhos e estudos ficarão hospedados na rede, e não será necessário enviá-los por email para o destinatário. Basta que ele acesse o arquivo e faça as alterações. Tudo será registrado, e você poderá ver exatamente o que foi alterado, quando e por quem.
Isar Mazer levanta um ponto importante: na nuvem, o usuário poderá interagir com aplicativos inteligentes, que utilizam suas várias experiências em diversos campos para evoluir linhas de raciocínio e fornecer serviços cada vez mais precisos e especializados.
Escritórios tendem a deixar de existir. Determinados cargos existirão apenas na forma de Home Office, já que o trabalhador não precisará se deslocar até o local do emprego, economizando os recursos naturais que seriam utilizados no transporte e o tempo do translado (retomando o ponto 10 – Sustentabilidade).
02 – Você não os vê, mas eles estão lá
Nanotecnologia. Computadores cada vez menores, com usos diversos. Microcirurgiões realizando operações dentro do corpo humano. Nadadores minúsculos despoluindo rios e mares. Robôs tão pequenos que são capazes de serem levados pelo ar para analisar condições atmosféricas no mundo todo, promovendo uma qualidade superior na previsão do clima e catástrofes naturais.
Fonte da Imagem: Claims Magazine
Ambientes com móveis adaptáveis às necessidades momentâneas e resoluções ainda maiores que as existentes hoje em espaços pequenos.
A criação de Sistemas Microeletromecânicos (Micro-Electro-Mechanical Systems, em inglês) ou simplesmente MEMs irá permitir acesso e controle sobre áreas humanas e naturais nunca antes pensadas.
01 – Melhoramentos humanos: a bioengenharia
Próteses biônicas perfeitamente integradas ao corpo humano, de forma que nem um observador atento consiga perceber a diferença. Já conseguimos fazer braços, pernas e olhos biônicos. A produção de um ser humano imortal ainda parece ser um sonho distante, mas a melhoria humana é um ponto mais real.
Aliado a todas as tecnologias e tendências anteriores, o homem procurar uma forma de melhorar suas capacidades e recobrar funções perdidas. Computadores que funcionem com o mesmo princípio dos neurônios (chamados de neurocomputadores) permitem a perfeita integração homem/máquina.
Fonte da Imagem: MIT Media Relations
Paulo Iudicibus levanta o ponto de que a Lei de Moore, que diz que o poder de processamento dos computadores atuais dobra a cada 18 meses, aliado às novas tecnologias, nos forneceria processadores aproximadamente 7x mais rápidos nos próximos anos. Isar Mazer complementa dizendo que a interação entre dispositivos e pessoas será tão natural como, hoje, são os relacionamentos, com horizontes expandidos graças às redes sociais.
Mescle a bioengenharia com a nanotecnologia, a conectividade relacionada com a computação em nuvem em uma pessoa nativa tecnologicamente e você terá uma visão do futuro muito além dos próximos 10 anos. Mas não se esqueça: as tecnologias necessárias para a produção deste tipo de realidade já estão em desenvolvimento, e os anos vindouros serão de grandes avanços nestes campos.
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